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Conversa

(Autoria: Márcia Homem de Mello)

em agosto de 2019

— Já amou alguém?
A resposta sem excitação:
— Sim!
— Foi bom?
— Maravilhoso!
— Conta, tudo! Como aconteceu?
— Normal, sem surpresa. 
— Como assim?
— Havia amizade.
— Então, não era amor?
— Tornou-se!
— Quantas vezes amou?
— Amor mesmo, senti uma vez.
— Porque esse foi diferente?
— Havia sentimento de paz e segurança.
— Diz-me, é reconfortante ser mútuo?
— Eu disse que foi?
— Não foi?
— Irrelevante.
— Amaste sem ter retorno?
— Mas o amor quando de fato acontece,
dispensa correspondência.
— Esse é o amor incondicional?
— Acredito que sim, mas não tenho certeza.
— Falas desse assunto com tristeza.
— Talvez, desejaria que outras pessoas
pudessem conhecer tal sensação.
— A pessoa que amas?
— Certamente, mas não só;  
é preciso estar pronto.
— Pronto? Como descobrimos?
— Ah! É necessário amar a si antes, sem egocentrismo;
Tirar mágoas e rancores do viver; 
Aprender a olhar o outro sem o seu próprio reflexo;
Aceitar e respeitar;
Sem cobrar sentimentos e gestos de carinho.
— Quanta coisa! 
— Verdade.
— Diz-me, como terminou?
— Não terminou.
— Se já nem tinha mutualidade…
— Em nenhum momento, matamos bons sentimentos
por falta de reciprocidade!
Agir de acordo com o que se sente. 
Se esperas retorno, o sentir não é genuíno.
— Nunca conseguirei amar desse jeito.
— Tens tempo de aprender.
— Ensina-me?
— Terás muitas lições nos teus dias, noites, madrugadas; 
vivências e frustrações nas convivências.
— Vês? Desisto.
— Coragem!
— Diga-me como, por onde começar?
— Olhou-se no espelho hoje? Sorria para você!

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