top of page

Originar-se

(Autoria: Márcia Homem de Mello)

em setembro de 2021

Engana-se quem crê numa única vida.

Confunde-se por necessitar de encarnações.

Ilude-se quem pensa que morrerá uma só vez.

Tolice fraudar o tempo.

Vivos, morremos, ressurgirmos,

tantas e quantas vezes houverem forças.

Não é preciso outra vida depois,

reencarnamos das cinzas das nossas entranhas.

Abluir as vísceras, o cérebro, o corpo.

Do espectro, uma nova psiquê.

A consciência depurada, a cada renascer.

Suscitar o mesmo abrigo.

Anulações em troca do afeto.

Aceitar atenção que pune e humilha.

Falta olhar, escuta, colo.

Quantos ensinamentos errados!

 

O físico também não será o mesmo.

Haverá sinais das outras vidas.

As novas prioridades, dos ensinamentos,

querem evitar mais cicatrizes.

Nasce um novo horizonte, um novo propósito.

Amar a causa, a origem das coisas e os seus porquês.

Abrigar, acomodar as digitais, criteriosamente,

nos espaços devidos, não divididos.

Hospedar direito o sim, o não e o talvez.

Antes, o pensar e o sentir.

Só pode quando se quer.

Se incomodar, visite seu o interior.

A cada coquetel de fantasmas e escuridão,

abasteça-se de amor-próprio.

Para toda ficha que cair, 

perdoe-se no tempo presente.

Somos aprendizes nessa arte de ser.

Seja sua única régua, sem comparações.

Lute diariamente pelas suas vontades.

Durma todas as noites abraçando conquistas.

Originar-se a cada morte, 

seja dia, noite ou madrugada.

Não precisa ser setembro, nem amarelo.

Seja humano no seu próprio abrigo.

17936344267628684.jpg
originar-se-visceral.jpg
bottom of page