

A escrita e fotografia terapêutica

Testamento
(Autoria: Márcia Homem de Mello)
em abril de 2020
Essa batalha interna que não acaba.
Dias e dias para a luz continuar acesa.
Já nem quero mais.
Cansei, cansei, cansei...
Olhos abertos, fitam o teto.
No quarto busco decifrar o enigma.
Sinto os olhares, curiosos, invejosos.
Odeio o peso que vomitam em mim.
Gosto menos ainda, quando me vejo retornar ao papel, que tanto já roubou o meu sossego.
Parva! CHEGA!
Uma ansiedade tola, sem amanhã, porque me enveneno?
Assustam-me os pensamentos.
A luminosidade enfraquece, fica turva a visão.
Horizonte verticalizou e perdeu-se o tempo.
Já me vejo a organizar a minha ausência.
O desapego facilitou-me a empreitada.
Nem tem pra quem.
Do pouco que ficará, divirtam-se!
Cuidem do único e mais preciso bem, aquela que será eterna só na minha biografia.
Apagaste o último facho, que mesmo distante,
ainda dava-me algum propósito.
Nem mais!
Subscrevo.
