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Ódio

(Autoria: Márcia Homem de Mello)

em Outubro de 2020

Preciso imensamente dele.

Que o destile feito cão raivoso.

Tanto que lhe faça sangrar e babar.

Preciso de toda essa dor.

Para não voltares.

Nunca mais olhe nessa direção.

Preciso que acredite no que diz.

Creia no mau-caratismo, na ingratidão.

Serei a pessoa repleta de defeitos.

Preciso aprender a lição nova.

Os venenos, as farpas, as mágoas.

O Atlântico não bastou.

É sobre mim.

Preciso não repetir.

A morte veio cobrar esse aprendizado.

A dor das dores, o luto, a perda...

Preciso que sejas tu.

Pouco importa como farás.

Tenhas forças até bastar.

Preciso pisar nesse solo esplêndido.

Mantenhas a sua palavra.

Cultive toda a crença negativa que tens.

É sobre mim!

Preciso de amor, acolhimento e respeito.

Se não fores tu,

Haverá sempre uma porta, janela, fresta.

Preciso de pouco, quase nada.

Dentro do quase, reciprocidade.

Do afeto, o puro, o sentimento.

 

Preciso do cadeado, da tranca, das vedações.

Adube a cólera, o fel, a aversão.

Tenha muita ojeriza, malquerença e nojo, muito nojo.

É sobre mim.

Preciso não ver luz nessa direção.

Tantas e tantas outras vezes.

Acende, apaga, acende, apaga,...

 

Exausta, cansada, derrotada, moída, estropiada, abatida, estafada, stressada, esgotada, fatigada, enfraquecida, esgotada, prostrada, arrasada... 

Ressaca!!!

Preciso do meu eu, com os bons sentimentos.

Não fiques, não vês o que ofereço-te.

 Onde tanto mal-estar provoca-te, não permaneça.

Vá!!!

Preciso não ter incómodo.

Lambi tantas feridas, só restam cicatrizes.

Essas fazem parte da história, a minha.

Preciso travar e

Quebrar o ciclo de permissividade.

Isso adoece-me a alma.

 

A tua também.

Preciso parar de crer que serei a tua cura.

Impossível recuperar quem não quer ter

O bom, saudável e velho amor.

Preciso que não voltes.

Não existe mais superfície para alocar cicatrizes.

Fica o amor, eterno amor.

Sobre mim...

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