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Como Se nas Emoções OL 
Márcia Homem de Mello© - Publicação ABRAPSMOL

Essa semana me peguei pensando sobre a motivação das pessoas a manifestarem fortes emoções on-line.
O que estaria levando milhões de pessoas do mundo inteiro a essa exposição virtual?
Consegui achar várias explicações teóricas. Porém nenhuma satisfez minha indagação, porque a experiência me mostrava algo mais.
A proteção através do anonimato proporciona essa exposição, muitos dizem. Então o que dizer daqueles que fazem suas manifestações mesmo depois de participarem de reuniões e encontros fora da Internet? Uma vez que já se identificaram presencialmente, muitos até já trocaram telefones, endereços e outras informações pessoais, não existe mais o anonimato.
Vem agora os que tem opinião de que as manifestações ocorrem porque as pessoas estão protegidas pela tela do computador e pela distância física.
Pois é, e o que podemos pensar sobre os que continuam seus depoimentos emocionados, comoventes ou contagiantes mesmo nos encontros de presença física e das palavras agressivas de um e-mail, transformados em comportamentos agressivos no face a face? 
Porque para uns é tão fácil se comportar no virtual como fora dele, enquanto para outros, isso é muito mais difícil?
As manifestações de emoções on-line são muitas, desde um simples sorriso :o) até uma sonora gargalhada num microfone. Ou de uma manifestação de tristeza :o(   até um choro de soluçar numa sala de chat com voz.
Demonstração de amor e carinho virtuais  @}--'',--- , que conseguem ser transportados em ações e comportamentos na vida fora da Internet.
Refletindo sobre isso tudo, me veio a mente o conceito de J.L.Moreno sobre o espaço do COMO SE.
O "Como Se" é uma delimitação de um território onde espaço, tempo, fantasia e realidade ganham uma dimensão diferente. Esse contexto abre uma dimensão abrangente onde o mundo interno, com suas emoções, fantasias, atemporalidade e não a cronologia, magias e alterações espaciais pode e deve ser exteriorizado e vivenciado. 
A ação no Como Se às vezes permite o reconhecimento, e a posterior libertação, de papéis idealizados, que vêm impedindo a ação espontânea no quotidiano do protagonista.
Acho que esse conceito explica de melhor forma como e porque as pessoas se expõe no virtual. O virtual é um espaço novo, diferente do que estávamos acostumados. Nesse espaço os indivíduos se permitem manifestar expectativas, fantasiar, desejar, cobrar, sentir raiva, qualidades e até os seus maiores defeitos, muitas vezes censurados ou escondidos. 
Claro que o anonimato e a proteção da tela ajudam em determinadas situações. Mas o que deve ser considerado, é a espontaneidade dessas manifestações, a facilidade de um tímido conseguir se expressar, de um locutor de rádio mostrar sua habilidade, de um cantor mostrar seu talento, de um líder em criar grupos, e desse mesmo líder, fazer brotar sentimentos de inveja naquele que gostaria de poder possuir as mesmas características. 
Nesse virtual, nesse "Como Se", a possibilidade de desempenhar vários papéis, de ser 2, 3 ou mais pessoas ao mesmo tempo, faz com que as fantasias ultrapassem os limites da realidade, do concreto. É motivar emoções e sensações simultâneas. 
Nesse ponto entramos com a Dramatização, pois é uma oportunidade para que o protagonista examine, através da experiência no "como se", o sentido profundo de papéis em que vem investindo sua fantasia. Os papéis são a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos.
Então, é hora de acrescentar aos papéis sociais já conhecidos e vivenciados por nós comumente, os papéis manifestados na virtualidade, porque certamente, eles já atuam de forma muito intensa no comportamento humano. Muitas vezes, estimulando alguns a mudarem comportamentos até então vivenciados no cotidiano, por papéis manifestados no virtual que de alguma forma, tem dado algum retorno pessoal.

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