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Em Nome do Vínculo Compensatório, Atos Terroristas! 
Márcia Homem de Mello© Publicação ABRAPSMOL
  
No meu artigo Passividade – Acomodação, fiz um breve comentário sobre Vínculos Compensatórios: “ São vínculos que o indivíduo vai criando, que o ajudam a estabilizar-se, apesar da sua falha de desenvolvimento psicológico. Podem ser: casamento, uma amizade, um emprego, um relacionamento com a cidade,... Rotinas de vínculos que de alguma maneira ajudam esse individuo a ter uma noção, embora  externa, da sua própria identidade. Por ex., um time de futebol. Ser corinthiano passa a ser, de repente, uma identidade e não apenas o participante da torcida de um time. 
Então, diz-se que o individuo com mecanismos reparatórios oriundos da estrutura intrapsiquica, com exarcebação do psiquismo organizado e diferenciado e uma série de vínculos compensatórios, entra numa fase de acomodamento, isto é, consegue uma estabilização psicológica, onde consegue produzir e levar sua vida. 
Estabelecer vínculos compensatórios com pessoas, animais, coisas, situações, filosofias, religiões, etc. que de alguma forma lhe assegurem uma identidade, que embora não seja a sua verdadeira, passa por lhe produzir uma sensação de existir mais palpável. Os vínculos compensatórios têm uma finalidade bastante grande pois permitem freqüentemente, que o individuo se organize e se estruture na vida. Por outro lado, o indivíduo fica preso ao vinculo compensatório pois depende dele para ter sua identidade mais completa.”
E é nesse ponto de dependência que está o fator provocador de atos como os ocorridos no EUA. Seres humanos descompensados psicologicamente, agem da forma mais inesperada, pois ao se darem conta que vão cometer atos de “heroísmo” em prol de uma causa ideológica, conseguem sentir-se importantes. A vida, não lhes tem nenhum valor, a morte lhes parece à única solução, numa ultima cartada para receber, mesmo mortos, algum valor enquanto ser, pela atitude “heróica” de uma ideologia ou uma crença.
Precisamos tratar a saúde mental das pessoas, precisamos cuidar do ser humano. Quando pudermos identificar o que está faltando, o que tem sido solicitado, quem são os que precisam e pedem, poderemos então diminuir atos absurdos como os presenciados por nós, dentro de nossas casas. 
Atos Terroristas tem explicação sim. Justifica o porque de comportamentos tresloucados, porém não significa que devemos aceitar sem lutar por um mundo melhor.
Quantos Suicidas terroristas, pessoas inocentes mortos vamos ter que ver nos noticiários, para que lutemos por um  mundo mais saudável? Quantos corpos jogando-se pelas janelas, fugindo de uma morte ainda mais dolorosa, vamos presenciar para sensibilizar-nos?
O mundo está doente, a sociedade adoeceu ao longo dos tempos. Fomos “empurrando com a barriga”, fazendo de conta que não era no quintal de nossas casas. Devemos lembrar, que antes do EUA, foi o Brasil que parou na frente da televisão durante horas, esperando que o ídolo de um povo humilde, que o grande empresário Silvio Santos, não fosse atingido, dentro de sua casa, por um desses seres furiosos. 
Precisamos de soluções urgentes, de voluntários, de criatividade, de SOLIDARIEDADE. Não podemos mais continuar olhando só para nossos umbigos, enquanto o umbigo de um familiar, do meu vizinho, do meu amigo, de um conhecido, está inflamado, precisando de cuidados.
Todos nós temos nossas causas para lutar, nossos idealismos, nossas crenças, nossos vínculos. Quantos de nós somos terroristas? Quantos de nós comentemos atos de desumanidade pensando em nossas causas, defendendo nossas idéias? Quantos de nós para defender algo que acreditamos, deixamos de olhar o outro, de se colocar no lugar do outro, agindo única e exclusivamente, em benefício próprio? 
Vale a reflexão. 

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