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O preparo EMOCIONAL para mudar de país

Reflexões e considerações para quem quer ou já está morando fora do país de nascimento.

Por: Márcia Homem de Mello© - 2022

O comum das informações sobre esse tema em sites e perfis de redes sociais, são as informações sobre a organização financeira e documentação para sair e chegar nos países.

O tema imigração sempre existiu, há muitas pesquisas e estudos, inclusive sociais, sobre o tema. Porém, começa a surgir uma demanda justificável e efetiva sobre a saúde mental de quem migra e muda o estilo de vida, trabalho, cultura, deixa famíliares e amigos para trás. Alguns fazem esse processo com um pequeno núcleo familiar; ou são pais ou mães com filhos.

São muitas as métrica a considerar, para além da financeira e preparo dos documentos. Porém, a perguntar a levar em conta sempre é:

- Qual a razão para mudar?

Tenha essa pergunta em mente e consulte-a várias vezes durante o preparo e se optar por mudar, ou já estiver no exterior, repita-a durante o período de adaptação, e principalmente, todas as vezes que enfrentar um obstáculo, houver dúvidas, medos e frustrações. Quando a resposta for ruim, reveja o processo. O que pode estar em risco, não é o financeiro apenas.

 

Faça reflexões complementares, como:

- se está a fugir de algum conflito emocional;

- se haverá adaptação ao clima, cultura e convivência social;

- se a motivação é por qualidade de vida. segurança e saúde; 

- o equilíbrio da sua saúde mental e emocional;

- se vai migrar sozinho(a), preparar-se para essa condição é das questões mais relevantes;

e, talvez a maior delas: - a morte de algum familiar.

 

Ter em conta imprevistos, durante o preparo, adaptação e mudança, é não desconsiderar pontos importantes, não fazer o processo na impusividade e empolgação. Se o emocional não estiver pronto para lidar, o sonho/projeto vai ruir.

Portanto, além de levar em conta a economia do país, média de salário, oferta de trabalho, legalização da situação do imigrante, pesquise muito sobre o clima (tempo de luz solar, umidade, média de temperatura anual). Não menospreze nenhum tipo de informação que seja importante para a adaptação no local desejado para morar. Os paises não são muito diferentes do Brasil, com fusos e climas diferentes, no mesmo território. Algumas regiões com mais ou menos recursos, a segurança e acesso aos serviços de saúde são pontos importantes, assim como o custo de vida e mobilidade na região desejada.

Cada vez mais comum, diante das dificuldades, as pessoas arriscam-se a imigrar sem documentos legais, e vivem riscos que são menosprezados, também mal informados por redes sociais ou serviços de quem explora a necessidade e pressa de mudar de país. CUIDADO! Você não terá trabalho em achar MUITOS depoimentos de quem foi enganado com promessas de milagres que não aconteceram. De ofertas de trabalho que não concretizaram, deixando sem chão pessoas que mudam com poucas economias, ou venderam tudo em busca de um sonho, não tem como voltar para casa. 

Correr risco é uma escolha, mas você pode calcular o tamanho do risco, e preparar um plano B e C, se o A não sair como planejado.

Relacionamentos amorosos que não deram certo, mais as ofertas de casamento para legalizar a situação de imigrante, são outro modelo de possível problema a ser considerado, principalmente por mulheres. Super comum achar relatos de quem submete-se a humilhação, abuso e violência por estar ilegal. 

Xenofobia, preconceito, racismo, homofobia, são situações comuns no mundo inteiro, não espere que você passe ileso por isso. Será otimo se passar, mas é melhor preparar o emocional do que criar uma expectativa que não se concretize. Falar português, ser brasileiro, não torna você imune, por causa do futebol ou similaridade com a língua no país de lingua portuguesa. As crianças  descobrem isso nas escolas, algumas serão acolhidas pelos colegas, fãs do futebol, de "youtubers". Outras vão sofrer com bulling até dos professores por não falarem a língua portuguesa como os locais. Alguns dizem que falamos "brasileiro"!

Se o brasileiro tem racismo, discriminação, rixa, luta pelos direitos em solo brasileiro, o mundo não será diferente disso.

Se a mudança é para um país de idioma diferente, não intimide-se jamais em aprender, treine a escuta e a fala, aprenda termos locais, sem isso a integração vai ficar comprometida e deixar-te dependente dos tradutores, limitando a socialização.

A cultura, idioma, habitos, costumes, o medo da concorrência, são exemplos de situações que dividem os povos. Você somar a sua cultura com a cultura local, não significa que os moradores sejam obrigados a fazer o mesmo. Consumidores dos nossos autores, escritores, novelas, esportes, não é sinônimo de aceitação. O respeito é uma via de mão dupla, e essa via pode ser unilateral de qualquer um dos lados ou de ambos. Falar mal do país escolhido, não ajudará na integração, a prevenção com as informações é responsabilidade de quem chega.

Se você não esta de mudança com contrato de trabalho, a realidade pode chocar você, que não avaliou bem a situação. Se vai estudar, fazer intercambio, tenha plano B e C sempre! As famílias que recebem, podem não ser o que aparentam a distância. Os colegas de quarto, apartamento ou casa podem ser um problema não considerado. Há circunstâncias que só serão percebidas na chegada.

Detesto generalizações, e não é isso que pretendo fazer com esse texto. Mas, preparar para situações possíveis, que caso não ocorram com quem lê, sinta-se feliz e usufrua desse conforto emocional. 

Aliás, não acha que acabou por aqui, não é? Vocês vão precisar praticar o desapego ao mudar. E isso não é só uma questão material, é social, cultural e familiar! Senão, vão ser eternos reclamões nos paises de destino, como se fosse uma extensão do quintal da casa de vocês, e não é! As festas e comidas brasileiras, ficam no Brasil, mesmo que já haja empreeendedores mundo afora, que já levam esses itens aos saudosos brasileiros, não está a alcance de todos. Ainda!

Criar novos laços de amizades, com respeito, educação, simpatia é sempre mais fácil. Amplie as possibilidades, evite ficar restrito só aos grupos de brasileiros. Sejam gentis, educados, sem imposições. Se vai morar, não pense e haja como turista, esteja aberto aos nativos, apresentem-se, sem ser intimo e invasivo. A sua expectativa pode ser diferente da realidade na sua frente. Tenha calma.

Controle os seus gastos na chegada. Se você vai morar, terá muito tempo para passear. Trabalho ou estudo, e a moradia são os focos mais importantes. Não gaste a sua verba/economia/reserva, com moradia estilo brasileiro, porque isso pode não caber no seu orçamento em longo prazo.
Na chegada, tome conhecimento da região escolhida para morar, habitos e comercios locais, alimentação, feriados, lazer gratuito, enfim, exercite a curiosidade sem barreiras. Note o que será mais fácil e mais dificil, se a mobilidade ou região geográfica vai ajudar você a não isolar-se, sem necessidade de investir em um carro. O custo X benefício na régua de avaliação. A experiência ou adaptação, é para morar? Relembrem a pergunta: por que vou mudar? Se tem facilidade em estar só, terá uma grande vantagem nesse processo.

Vou repetir: não avance para imigrar com a mentalidade, crenças de hábitos brasilieros!

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