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Só para os íntimos > Faca de dois gumes
Por: Bel Vieira - Site Bolsa de Mulher


Para alguns, intimidade é andar pelado pela casa, conhecer os odores do outro e avisar que tem urubu na arquibancada - o famoso feijão no dente. Já para o engenheiro José Vicente, de 28 anos, a sensação de ser íntimo da namorada surgiu num momento inesperado. "A gente estava namorando há pouco tempo, quando a avó dela faleceu. Eu fiquei do lado dela o tempo todo, ajudei no que pude, me vi totalmente inserido na família. Eu até segurei uma das alças do caixão", lembra o rapaz, citando esse momento como emblemático de uma relação profunda. "A gente sabe que é intimo da pessoa quando pode contar com ela nos momentos difíceis, pode pedir favores, pode abrir seus segredos sem medo", teoriza José Vicente.
Segundo a psicoterapeuta e psicodramatista Márcia Homem de Mello, o lado bom da intimidade é poder conhecer melhor a pessoa com quem se vive enquanto o lado ruim é justamente perder a privacidade fundamental em qualquer relacionamento. "É essencial estabelecer um limite. Deve haver uma espécie de acordo mútuo de até onde cada um se permite dar e revelar intimidade", afirma Márcia, lembrando que às vezes o que é íntimo demais para um não é para o outro e vice-versa. "Conheço casais que até brincam e soltam piadinhas sobre suas intimidades. Outros se sentem extremamente incomodados. Um homem pode detestar ver sua esposa pintando os cabelos, enquanto uma mulher pode não apreciar ver seu marido espremendo cravos. Então, por que expor a relação a situações como essas, se podem ser evitadas?", questiona.
Para Márcia Homem de Mello, intimidade não pode ser sinônimo de invasão de privacidade. "Discordo de casais que controlam e-mails e mensagens em celulares do parceiro, ou têm contas conjuntas para controlar os movimentos do outro", pondera a psicodramatista, defendendo que cada membro do casal tenha seu espaço onde deixar suas experiências ou vivências preservadas no caso de não querer compartilhá-las. Ou seja: ter intimidade é bom mas, como grande parte das coisas boas da vida - incluindo até brigadeiro! -, em exagero pode ser ruim à beça.

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