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"Consultas Psicológicas on-line são ilegais"
Por: Daniel Praciano - Editoria de Informática do Diário do Nordeste © - 26/07/99


Psicólogos no divã. Sim senhor, muitos dos profissionais desta área estão encontrado dificuldades em exercer uma nova vertente desta área: a cyberterapia. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) diz que não há estudos que comprovem a eficácia do tratamento on-line, mas aqueles que o fazem dizem que é birra do CFP. ''E o que é esta tal cyberterapia?'', você poderia perguntar. É como estão sendo chamadas as consultas on-line realizadas por muitos psicólogos.
Logo, surge uma nova dúvida: como funcionam estas consultas? ''As consultas online, são diferenciadas de acordo com cada profissional. São consultas normais, como as prestadas em consultórios convencionais. As consultas dadas através de Chats, dão ao cliente o feedback na hora para o cliente, assim como obtemos do cliente o retorno instantâneo no 'face to face'. Só que, no caso das consultas on-lines, utilizamos a escrita no lugar do visual'', afirmou Márcia Homem de Mello, cyberpsicóloga que navega na Internet desde a época do BBS. 
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Mas o CFP não concorda com nada disso. Marcus Vinícius de Oliveira Silva, Conselheiro Federal responsável pelo projeto CFP/ Infopsi- Informática e Psicologia e presidente do I PsicoInfo, I Seminário nacional de Psicologia e Informática realizado em novembro de 98, fala que os argumentos apresentados pelo principais líderes do movimento de defesa da cyberterapia são confusos. ''A confusão é patente. Confundem literatura de caracter geral com relatos de experiências com bibliografia técnica. Confundem comunicação através das máquinas com aquele tipo de comunicação essencialíssima que vem a ser a psicoterapia. Sobre os processos psicológicos que deveriam ser tratados, nenhuma linha sequer, o que nos deixa preocupados inclusive com a sua qualificação enquanto psicoterapeutas''.
Já a presidenta do Conselho Federal de Psicologia, Ana Bock, nem considera como um serviço as consultas on-line oferecidas pelos cerca de 20 profissionais brasileiros espalhados pela Internet. ''Que serviço? Talvez esteja aí a questão. Não sabemos ainda que serviço é este a que nos referimos, pois não existem ainda experiências significativas que possam nos permitir caracterizar 'um tipo de serviço'. No entanto, atendimentos psicológicos via Internet são referidos e esses serviços não estão suficientemente pesquisados e debatidos para que o CFP possa regulamentá-los. A oficialidade de uma prática é obtida por um longo processo social no qual se experimenta, se pesquisa, se estuda, se debate, se concorda, se discorda e por aí se vai, transformando práticas em atividades reconhecidas''. Marcus Vinícius vai mais além. ''Esta prática, neste momento, está regulamentada sob a forma de pesquisa e suas exigências correspondem às exigências do Ministério da Saúde para qualquer pesquisa na área de saúde envolvendo seres humanos. Na atual fase esperamos que estas pesquisas possam validar os procedimentos, esclarecendo aspectos importantes, tais como clientelas e situações nas quais ela se aplica com eficiência, condições para estabelecimento de diagnósticos, cuidados éticos em relação à identidade e sigilo, enfim uma verdadeira agenda de pesquisa antes que a prática possa ser liberada para comercialização. Hoje, portanto, a psicoterapia pela Internet não é ilegal, ilegal é a pretensão de comercializar um produto sem qualquer tipo de garantia'', afirmou. 
Márcia Homem de Mello discorda da necessidade de uma pesquisa para comprovar a eficácia das consultas on-line. ''No mundo todo já existem pesquisas e material teórico sobre o assunto. Por que então fazer pesquisas para comprovar o que já foi comprovado pelo resto do mundo? Além do mais, não estamos lançando uma metodologia, apenas utilizando o computador como uma ferramenta a mais para auxiliar o atendimento a determinadas pessoas. A teoria usada é a mesma que nos consultórios convencionais, com algumas poucas adaptações''. E Márcia complementa. ''Venho sido procurada por um grande número de colegas da área de saúde mental, buscando informação sobre o serviço, e o que precisam fazer para trabalhar online. Os que vêm criticando, são aqueles que não possuem conhecimento na área de informática e nem nunca navegaram pelas salas de chat. Aliás, a falta de conhecimento de informática, parte de dentro do próprio CFP e CRPs (Conselhos Regionais de Psicologia) do Brasil'', disse a psicologia fazendo alusão à falta de domínio da informática como um dos principais motivos para as críticas aos serviços dos cyberpsicólogos. 
Marcus Vinícius defende o CFP mostrando dados que revelam o interesse do Conselho pela informática. ''O CFP criou em agosto de 97 o site, que hoje representa o maior espaço de informações sobre a Psicologia na Internet brasileira e oferece, regularmente, um programa denominado 'Quintas psicológicas' onde os profissionais têm acesso, através de chat, a palestras e debates semanais sobre temas relevantes para a profissão. O CFP promoveu no fim do ano passado o I PsicoInfo, seminário nacional de Psicologia e Informática e a I Feira Nacional de Psicologia e Informática que contou com a participação de conferencistas nacionais e internacionais discutindo exatamente os aspectos problemáticos das relações entre psicologia e Informática''.

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