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Jogos On Line
Márcia Homem de Mello© Publicação TiVejo! (edição IX)
Quem já não teve em casa um jogo de tabuleiro, de cartas, peças de montar? Quem é que uma vez, jogando uma partida, não bateu na mesa, não jogou as cartas para cima quando perdeu uma partida ou misturou as peças por não conseguir terminar de montar um quebra-cabeça? E quem é que nunca sentiu falta de alguém para brincar?
Pois é, a tecnologia chegou, algumas coisas se modificaram e o homem foi se adaptando às mudanças. Jogos eletrônicos agora estão em casa, no trabalho, numa Lan House, na esquina, ou nos celulares.
Vieram os videogames, depois os jogos portáteis. Agora a mania é jogar on-line. E como não podia deixar de ser, todos os artifícios são utilizados por essa galerinha, que em turmas formam os clãs.
Num evento do Itaú Cultural, Itaulab (Laboratório de Mídias Interativas) em 6 de agosto, dois especialistas debateram o tema. Carlos Seabra (educador da Escola do Futuro/USP) e Renato Degiovani (programador visual e autor de jogos eletrônicos).
Pela experiência de ambos, jogos são mais que meios lúdicos, são instrumentos poderosos de comunicação, aprendizagem, auto-conhecimento e conhecimento dos outros; além de ser um ótimo simulador para a vida real.
Segundo Seabra, estamos em constante jogo, construindo e tentando descobrir regras o tempo todo, seja no amor, com os amigos ou no trabalho. Vamos adquirindo certas habilidades, tomando determinadas atitudes e muitas vezes encarnando diversos personagens ou personalidades conforme nos relacionamos socialmente, seja para sobreviver, ganhar status, adquirir bens ou por puro e simples poder.
Não há como não dizer que os jogos são fundamentais para o desenvolvimento humano, seja no nível social, cultural ou educativo. São o grande instrumento de aprendizado da humanidade, de acordo com Renato Degiovani. E, por mais que haja preconceitos quanto ao seu uso, principalmente relacionados à violência, Seabra e Degiovani alertam que a violência surge dos problemas sociais, enquanto que os jogos são na verdade ótimos para educar crianças e adultos para a vida.
A forma lúdica e descontraída de um jogo pode canalizar a agressividade e competitividade de forma criativa, permitindo que as pessoas aprendam a lidar com as questões reais e com o poder de forma mais responsável. Enquanto você lida com a morte num jogo, adquire parâmetros melhores no mundo real para lidar com isso. Para os debatedores, os jogos ajudam no processo civilizatório, pois simulam a vida e deveriam ser utilizados nas escolas com maior freqüência.
Mas quem joga on-line carrega um preconceito, o de estar se isolando do mundo. Quando se pensa em jogos eletrônicos vem logo à mente a idéia de um ser apático em frente ao vídeo ou ao computador, completamente distante da realidade.
Mas não é bem assim! Surgindo por volta dos anos 80 com o aparecimento do computador, os jogos eletrônicos permitiam que o jogador entrasse em contato com a brincadeira a qualquer hora e independente de estar acompanhado, diferente dos anos 70 que foram marcados pelos tabuleiros e reuniões de amigos que duravam horas e até dias como é hoje o RPG (Role Playing Game).
Violência urbana, preocupação dos pais, campeonatos, esses são alguns dos fatores que levam os jovens a brincar em casa mais do que nas casas de jogos.
Hoje, quem joga on-line tem adversários de todas as partes do mundo, e até mesmo um jogador virtual na falta de internautas conectados. São novas perspectivas e o indivíduo não só joga com a máquina, pois como diria Seabra: "o indivíduo está consigo mesmo, através da máquina".
Começam a surgir pesquisas que apontam para as conseqüências positivas desse hábito: melhora da percepção visual e espacial e do raciocínio lógico e estratégico. Na contramão, cientistas argumentam que esses pontos positivos não são exclusividade dos games, e podem ser desenvolvidos em outras atividades. Vai saber se algum deles já pôs as mãos num joystick para sentir as emoções e sacar os desafios de uma partida?
Mas será que os jovens ainda jogam bola, andam de bicicleta, empinam pipa como faziam as crianças antes? E espaço seguro para isso? O psicólogo do Núcleo de Pesquisa em Psicologia e Informática da PUC-SP, Paulo Annunciata Lopes, alerta que os games violentos não são inocentes nem vilões. "Eles podem estimular a agressividade do jogador ou podem apenas canalizar sua agressividade. Nos anos 80, demonizava-se o Ozzy Osbourne e o heavy metal. Hoje são os games violentos".
Simon Bysshe explica que, para ele, matar um oponente num jogo é só uma forma de ganhar a partida, e a sensação que isso provoca não é diferente da vibração depois de um gol. "Um duelo de morte em um jogo como "Quake 3" é uma batalha estratégica comparável a um jogo de xadrez. O mais rápido, astuto e esperto vence, e isso é que é legal."
O psicólogo Haim Grunspun, que realizou uma pesquisa sobre a influência dos jogos na vida de mais de cem gamemaníacos, entende os argumentos de Simon e vai além. "As escolas seguem seu tradicional processo de instrução baseado no vestibular, que cobra datas e fatos decorados. Mas o mercado de trabalho exige iniciativa, rapidez e estratégia. Essa nova geração está se preparando para uma demanda do futuro". Os jogos como "Age of Mythology" e "The Sims", que não têm nada de violentos, foram apontados como fontes valiosas de aprendizado. Os estudantes acham mais divertido aprender com esses jogos que contam histórias de civilizações do que ouvir um professor falando. Um aluno chegou a ir bem numa prova por lembrar de um jogo chamado "Age of Empires". A garotada vai para as Lan House para encontrar a galera, ou o clã, como são denominados os times de quem joga em rede, e então só atendem pelo "nickname" (apelido) que são conhecidos nos jogos. Também é possível trocar mensagens instantâneas durante o jogo. Mas é mesmo na base do grito que a moçada se entende. São coordenadas e resmungos, termos que só eles entendem, como:
"telando": (olhando a tela do vizinho para localizá-lo)
"camper": (ficar de espreita para matar o adversário pelas costas).
"newbie": (novato)
"cheater": (trapaceiro porque usa comandos ou programas proibidos durante o jogo)
Lan Houses são propriamente um point para reunir a turma, e se divertir com o papo que rola depois ou se divertir com as brincadeiras e zoação entre eles durante o jogo.
O "Counter Strike" é de longe o jogo mais popular.
Mas nem tudo é só alegria e eles até reconhecem que abusam no tempo. Alguns se percebem viciados e é nesse momento que deve entrar a orientação dos pais, mostrando e impondo limites. Os jovens pedem limites e é importante que os pais saibam impor esse limite, porque eles mesmos notam os prejuízos, como a perda de sono, alimentação inadequada, cansaço corporal e mental, agitação, etc. Por essas e outras que o vereador de São Paulo, Willian Woo (PSDB), criou um projeto de lei para regulamentar o funcionamento das Lan Houses. O projeto pretende limitar o horário em que menores de idade podem freqüentar as casas, restringir o uso de games violentos à classificação feita pelo Ministério da Justiça, fixar um número máximo de horas seguidas de jogo e estabelecer que não sejam abertas Lan Houses muito próximas a escolas. Desde dezembro do ano passado, Curitiba tem uma portaria em vigor que determina que jovens de 12 a 16 anos só podem permanecer em Lan Houses até às 22 horas, ainda assim, desde que tenham autorização escrita de um responsável. Menores de 12 anos só podem jogar na presença de um dos pais e jovens de 16 a 18 anos viram abóboras à meia-noite, quando têm de deixar as Lan Houses. A casa que não respeitar as normas pode ser multada em até R$ 4.800.
Um amigo meu, que trabalha numa Lan House, chegou a comentar certa vez, que pais deixavam os filhos nas Lan Houses por falta de opção segura. Inclusive, os funcionários da loja meio que se tornaram babás dessa galera que fica jogando. Mas eles se preocupavam com o horário e, depois de determinada hora, só com autorização dos pais e a geladeira da loja não tinha bebida alcoólica.
Simon Bysshe, 21, que é fã de jogos considerados violentos e fez um documentário sobre um grupo de jovens amantes de games avalia: "Para mim, jogar videogame só trouxe coisas boas. Melhorei minha comunicação e meu conhecimento de Informática, fiz vários amigos e, jogando em grupo, aprendi a trabalhar em equipe. Acho ridículo dizer que os games tornam o jogador agressivo. A violência está em todo lugar: em filmes e na TV. Não dá para usar os games como bode expiatório".
"Modern Day Gamer" foi colocado na Internet e ganhou destaque em um site dedicado a jogos on-line. O arquivo com o filme logo começou a ser baixado por tanta gente que o próprio servidor da Escola de Artes Winchester não deu conta da demanda. Foram mais de 10 mil downloads em uma semana. "Queria que as pessoas entendessem que jogar videogames é uma atividade como outra qualquer e que não é algo só para nerds da informática", explica Bysshe. "Cada vez mais pessoas gostam de videogames e o documentário que fiz, visto por tanta gente em tão pouco tempo, é uma prova dessa enorme popularidade". O documentário de Bysshe pode ser baixado no site www.esreality.com/documentary.
Os games que possuem quebra-cabeças e outros desafios são capazes de proporcionar à criança uma melhora cognitiva muito maior do que uma aula convencional, segundo James Paul Gee, professor PhD em lingüística e autor de "What Video Games Have To Teach Us About Learning And Literacy". Jogar videogames ensina mais do que a escola. O professor acredita que o modo de pensar gerado pelos jogos está mais adaptado com o mundo atual do que o ensinado pelas escolas. Gee considera as atividades escolares alienantes e chatas para os estudantes.
Numa escola o estudante tende a ser passivo e só irá utilizar o que lhe foi ensinado quando fizer a lição de casa. Simuladores, como The Sims e Sim City, fazem aumentar o interesse pela ciência. A possibilidade de passar informações, de uma maneira mais divertida e interativa, é outra vantagem aponta por Gee.
Powerfullcat e bad-boy-rs, coordenadores da sala Games On-Line, na categoria Jovem do TiVejo! jogam Age of Empires Rise of Rome, Counter Strike, Ultima Online, Unreal Tornament e outros.
Bad-boy-rs fica em média oito horas por dia jogando, enquanto powerfullcat não tem um tempo exato.
Já possuem uma turma que está sempre jogando com eles na sala. "As pessoas vão fazendo amizades no próprio game onde muitas vezes também existe sala de bate papo e acabamos trazendo pessoas para participar do TiVejo! onde a comunicação fica fácil criando assim um vínculo maior de amizade" diz bad-boy-rs.
"Acho legal, pois em áudio fica melhor para a comunicação com varias pessoas ao mesmo tempo sendo que podemos nos comunicar durante o jogo em si também dando uma assistência à mais", diz powerfullcat. E completa dizendo que "o jogo é uma forma de podermos extravasar, divertir e fazer amizades, a maioria das vezes o jogo é uma forma de tirar o sarro do outro que perde."
Bad-boy-rs tem outra postura: "Todo game deixa a gente de certa forma irritado com alguma coisa. O que eu faço pra não descontar em ninguém esse tipo de sentimento é desabafar com algum amigo o acontecido in game e pensar sempre que é somente um game."
Ambos jogam de casa ou saem para jogar numa Lan House. Além das amizades, powerfullcat afirma que tem um aprendizado: Com o jogo você aprende a ser disciplinado, tendo que respeitar as regras do jogo e sempre se manter concentrado para que seu desempenho seja o melhor possível".
Já bad-boy-rs faz questão de avisar que "enquanto estou jogando não gosto de assuntos fora do game, pois se eu estou jogando, o assunto com certeza vai ser sobre o game".
Dois outros usuários do TiVejo! também confessaram jogar suas partidinhas on-line. Zippobr curte Counter Strike, BattleField, The Specialists, Desert Combat. Já a Vane-ssa1981 prefere dominó, mas joga também damas, gamão e batalha naval. Ficam em média duas horas jogando e já tem uma turma que se encontra para jogarem juntos.
Zippobr conecta de uma Lan House. Vane-ssa1981 de casa mesmo e acha fundamental usar áudio para explicar-se melhor, esclarece mais falando que escrevendo. Já zippobr, por jogar em Lan House, vai no grito mesmo.
Ambos já se perceberam irritados jogando por muito tempo, na vontade de vencer os oponentes que possam ter ganhado antes. Eles vêem os jogos como puro passatempo, diversão mesmo. Vane-ssa1981 costuma trocar com os jogadores outras formas de contato para levar adiante as amizades.
Entre prós e contras vale lembrar que tudo em exagero não é legal. Até a diversão deve ser feita da melhor forma para não acabar virando mais uma obrigação, deixando aquele que ia se divertir mais estressado, sem nenhum tipo de lazer.
Fontes: Jornal Folha de São Paulo e Projeto Metáfora http://www.projetometafora.org
Sites em Destaque:
http://www.ptgate.pt / (Dicas e Informações)
http://games.terra.com.br/ (Jogos, Dicas e Informações)
http://www.bananagames.com.br/gamesonline/ (Jogos)
http://www.uol.com.br/jogos/ (Jogos, Dicas e Informações)
http://www.chevroncars.com/ (ligue os pontos, página para colorir)
http://sitededicas.uol.com.br/software.htm (Jogos Educativos)
http://www.emulacao.com.br/ (Antigos clássicos dos vídeo-games!)
http://www.educacional.com.br/central2002/default.asp (Jogo Educacional)
http://jogosdecartas.cosmo.com.br/ (Jogos de Cartas)
http://gamespot.zdnet.pt/ (Jogos, Dicas e Informações)
http://war-zone.sapo.pt/(Jogos, Dicas e Informações)
http://www.mesadejogos.com.br (Jogos)
Chat de Voz com Webcam: www.tivejo.com (Desativado)