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Saia da Sombra!!!
Márcia Homem de Mello©

 

"Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e se tornar um autor da própria história. 
É saber falar de si mesmo. 
É não ter medo dos próprios sentimentos"

Fernando Pessoa

Nos últimos meses tenho notado que as pessoas estão cada vez mais se acomodando na posição de vitima do mundo, do governo, dos romances, dos chefes, enfim, não percebem que são vitimas de si mesmo.
E como é difícil se dar conta dessa situação incorporada, na qual o papel de apontar é mais simples, mas de ganho zero.
A pessoa fica se lamuriando, queixando-se de tudo e todos, mas que talvez ela possa ter alguma culpa, como forma de suavizar o momento. Mas é mais comum culpar o outro por algo que ela é a responsável, por conta da crença de que algum ganho sem trabalho é possível. Procura mudar os demais a sua volta, numa demonstração clara do sentimento de solidão, pois não percebe que é responsável pela própria vida, por seus altos e baixos. E é quando a felicidade se torna dependente da maneira que os outros agem, é quando condiciona a felicidade e paz interior ao comportamento dos outros, à ação dos outros.
É muito comum também, a vítima por não ter seus “direitos” atendidos, olhar para alguém que deveria, no ponto de vista dela, ser a responsável em atender seus desejos, e iniciar um discurso de “meu mundo caiu” ou de "Sempre eu sou a malvada?!", "Ninguém me entende!", "Oh pensei que eu tinha algum problema!", "Sempre colocam a culpa em mim." “Deus me odeia.”, “Tudo está contra mim”, “Só a mim me acontecem estas coisas terríveis” ou “Ninguém gosta de mim”. E então, lá se vão ação e a motivação, dando lugar a justificativas infindáveis, transformando o que está errado em injusto, e de justificativa em justificativa, paralisa-se, impedindo-a de crescer. 
Vamos para alguns bons exemplos? Como anda sua situação financeira? Esta em dívidas e a culpa é do governo que não aumenta o salario mínimo, ou do chefe que não dá o seu aumento, do cartão de crédito e do banco que cobram juros altíssimos? Fale-me mais como é sair adquirindo produtos ou serviços sem avaliar o seu real orçamento mensal ou de como é trabalhar sem ambição e motivação para valorizar mais e melhor seu lado profissional, e quem sabe enviar currículos para uma nova colocação no mercado de trabalho, saindo desse emprego de anos sem nenhuma promoção. Nem pensar em perder a promoção de 50% de desconto, não é? 
Faz anos que esta de dieta e não consegue perder os tais quilos desejados, mudar de dieta do sol para dieta da lua, tomar laxantes e remédios, consultar endócrinos, nutricionistas, mudar alimentação? Conte-me como é ficar arrumando motivos para não dar continuidade aos seus exercícios físicos, mas dar “escapadinhas” aos finais de semana na casa dos amigos, comer rápido durante a semana, lanchinhos durante o dia, o refrigerante zero depois da macarronada ou o adoçante no café depois do churrasco, achar chato ter que lavar verduras e frutas, trabalho de cozinhar legumes que são todos sem sabor. Sem contar que nunca sobra tempo depois de um dia de trabalho para conseguir dar conta das necessidades da dieta ou do físico. 
E o casamento, noivado ou namoro que estão cada vez mais monótonos e sem graça e o romantismo se perdeu? Diga-me como é chegar em casa todo dia sem preocupação de conversar com a pessoa que esta se relacionando, ligar a TV e sentar diante dela por horas sem sequer saber se o outro esta por perto, que horas chega, como passou o dia ou como vão os filhos. Ou ligar o computador e ficar ali por horas sem lembrar-se de um telefonema ou da data de aniversario, de fazer um jantar romântico. Aliás, viajar sozinhos, bilhetes no espelho, SMS sem ser automático, uma foto diferente como presente, o beijo de saída e o beijo de chegada com sentimento. Cuidar-se física e esteticamente, quem dirá da saúde achando que esta sempre tudo bem, que a pele esta boa, que o cabelo não precisa de mudança. Ou chegar já reclamando dos fatos do dia sem nem perceber que o outro esta com algum problema e precisa de um ombro amigo, um abraço apertado. 
E tudo começa a ficar fora de controle, as desculpas viram muleta para a falta de planejamento. Bom senso já não existe, e ver-se vítima o tempo todo reforça que é mais fácil esperar por uma solução ao invés de buscá-la. E o comportamento da irresponsabilidade só cresce e afasta as pessoas, simplesmente porque quem não se sente culpado tende a cobrar demais, ou seja, se os problemas não me pertencem, não sou capaz de agir. Logo, espero e trabalho para que os outros resolvam minhas questões, entrando num estado de acomodação confortável, pois nada me atinge, e quando atingido, é porque alguém não fez o que prometeu. Fazer os outros sentirem-se culpados é mais fácil e como existem pessoas propensas a aceitar essa culpa, entra-se num ciclo vicioso, inclusive mobilizando o medo via chantagens emocionais. A vitima tem sempre uma postura diante das situações de forma queixosa, usando o sofrimento para controlar o sentimento alheio, colocando-se como dominada, como fraca para mobilizar os sentimentos das outras pessoas.
É preciso trabalhar na prevenção desse comportamento de vitimizar-se diante do mundo, sem contar com situações ou condições posteriores para solucionar os problemas presentes. Parar com discursos “e se”, “quando isso” ou o “assim que”, na argumentação de seus comportamentos enraizados de coitado. Nem notou o quanto faz falta projetos concretizados, descobertas inovadoras, vitorias para comemorar, muito menos percebe o tamanho do buraco sem fim que entrou ao abrir mão de projetos pessoais, sonhos antigos, falta de visão do futuro, enquanto aguarda o mundo tornar-se favorável. 
Os pensamentos negativos servem de base para as justificativas da acomodação, porque já que “não vai dar certo”, para que “perder tempo tentando”?!
Habituou-se no seu dia-a-dia, a depender das outras pessoas para a resolução dos seus problemas ou para atingir os seus objetivos, muito provavelmente não desenvolveu determinadas competências que lhe permitem ter um grau de autonomia funcional para conduzir a sua vida. Criou-se uma necessidade de se apegar a outra pessoa, o que pode contribuir para “confirmar” os medos sobre você mesmo ou na sua vida.
Se você acha que é um co-dependente, comece quebrando a dependência da sua família, amigos, parceiros conjugais e aprender a estabelecer limites. Deixe de se considerar uma vítima e assuma a responsabilidade dos seus comportamentos e formas de pensar.
Ao colocarmos uma máscara nos vítimizando, não assumimos ou enfrentamos a realidade que por muitas vezes pode ser dificil, mas que na maioria das vezes é mais fácil do que imaginamos. 
Falta vontade de crescer, amadurecer, fica acovardado diante dos limites humanos? Faz uma busca desenfreada do perfeccionismo, seu e de quem o cerca? Esta escondendo no fundo a vontade de permanecer imaturo. Nesse mundo fantasioso perfeito o objetivo é fugir da realidade em volta, evitando assim relacionar-se com as pessoas imperfeitas. Incorpora o personagem humilde, sofredor, mas que faz na verdade as demais pessoas sofrerem com o sofrimento dela. Usa de suas limitações financeiras, conjugais ou profissionais para manter-se na posição sofredora e chantagear os demais. Existem também portadores de deficiências mentais e físicas que fazem esse personagem sofredor. Mas no fundo elas simplesmente não conseguem aceitar as suas próprias imperfeições, e fazem do sofrimento um modo de vida.
Imagino que suas escolhas são sempre em busca do melhor para si, mas se você estiver fazendo auto sabotagem, estará no caminho para a construção de uma mentalidade de vítima.
Se você continuar a dar desculpas para si mesmo em vez de procurar soluções, então a sua mentalidade de vítima irá crescer e crescer. 
Quem você quer continuar enganando? Pare de ser um mero espectador! 

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