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PASSIVIDADE - ACOMODAÇÃO 
Por: Márcia Homem de Mello - Psicóloga e Psicodramatista 


A atividade e passividade, assim como outros termos que se fazem opostos como, masculino e feminino, fálico e castrado e sadismo e masoquismo, podem determinar um tipo de comportamento.
Definem também tipos de metas ou objetivos pulsionais. Um modelo de meta, pode ser o de corresponder a pulsão oral, que será satisfeita com a atividade de sucção.
A passividade de uma meta pode ser observada por exemplo, em indivíduos que desejam ser maltratados (masoquismo) ou ser visto (exibicionista). A fim de se posicionar para obter satisfação, o indivíduo comporta-se assumindo estar a mercê do outro. Toda posição passiva é inseparável do seu oposto.
O masoquismo é um sadismo voltado contra a própria pessoa. Corresponde a um retorno sobre a própria pessoa e ao mesmo tempo a uma inversão da atividade em passividade.
Ruth Mack Brunswick(1) mostra que desde criança começa a relação passiva com a mãe que satisfaz todas as necessidades. Na mãe ativa pode estar a identificação da atividade.
Victor Dias(2) comenta que por volta dos 3 anos, a criança já tem instalado o processo de busca. A falta desse processo de busca e da angústia, gera o acomodamento psicológico.
As sensações de medo, insegurança e incompletude podem gerar um processo de busca e o aparecimento da angústia patológica. A fim de evitar o sentimento desta angústia, que é a ameaça de conteúdos inconscientes bloqueados, o psiquismo vai buscar justificativa nas defesas intrapsíquicas. Assim o indivíduo diminui o processo de busca e a angústia patológica relacionada.
Há a fase do acomodamento psicológico, na qual o indivíduo - apesar de ter seus bloqueios do desenvolvimento psicológico com todas as conseqüências daí advindas - consegue ficar compensando com pouca angústia. É a fase em que vivem a maioria das pessoas.
Acrescentando o conceito de inibido quanto a meta, que é o que qualifica uma pulsão que, sob o feito de obstáculos externos ou internos, não atinge o seu modo direto de satisfação (ou meta) e encontra uma satisfação atenuada em atividade ou relações que podem ser consideradas como aproximações mais ou menos longínquas da meta primitiva.
A compensação da angústia patológica e o abrandamento do processo de busca fazem com quem as pessoas consigam cumprir parte de suas necessidades internas e uma parte das exigências sociais a que estão submetidas.
É um equilíbrio instável, mas um equilíbrio que pode ser bem satisfatório e durar até a vida toda.
Note que a transformação do sadismo em masoquismo, não implica simultaneamente a passagem da atividade à passividade e uma inversão dos papéis entre aquele que inflige e o que é vítima de sofrimentos.
Com a noção de sadomasoquismo, na qual o conflito psíquico e sua forma central, o conflito edipiano, podem ser compreendidos como um conflito de exigências, pois a posição de quem exige é virtualmente uma posição de perseguido-perseguidor, porque a medição da exigência introduz necessarimente as relações sadomasoquistas do tipo dominação-submissão que toda a interferência do poder implica.
Um dos mecanismos de defesa são os Vínculos Compensatórios. São vínculos que o indivíduo vai criando, que o ajudam a estabilizar-se, apesar da sua falha de desenvolvimento psicológico. Podem ser: casamento, uma amizade, um emprego, um relacionamento com a cidade,... Rotinas de vínculos que de alguma maneira ajudam esse individuo a ter uma noção, embora  externa, da sua própria identidade. Por ex., um time de futebol. Ser corinthiano passa a ser, de repente, uma identidade e não apenas o participante da torcida de um time. 
Então, diz-se que o individuo com mecanismos reparatórios oriundos da estrutura intrapsiquica, com exarcebação do psiquismo organizado e diferenciado e uma série de vínculos compensatórios, entra numa fase de acomodamento, isto é, consegue uma estabilização psicológica, onde consegue produzir e levar sua vida. 
Estabelecer vínculos compensatórios com pessoas, animais, coisas, situações, filosofias, religiões, etc. que de alguma forma lhe assegurem uma identidade, que embora não seja a sua verdadeira, passa por lhe produzir uma sensação de existir mais palpável. Os vínculos compensatórios têm uma finalidade bastante grande pois permitem freqüentemente, que o individuo se organize e se estruture na vida. Por outro lado, o indivíduo fica preso ao vinculo compensatório pois depende dele para ter sua identidade mais completa. 
Diante do que foi aqui exposto, é interessante avaliar que comportamento vem exercendo durante a vida. Porque sempre é tempo de promover modificações, caso sinta vontade de mudar. Sair da passividade ou acomodação, podem lhe trazer uma nova visão, ou novos objetivos de vida.

 

Bibliografia: - Vocabulário de Psicanálise, Laplanche e Pontalis
(1)The Proedipal Phase of the Libido Development, 1940
(2) Análise Psicodramática - Teoria da Programação Cenestésica; Psicodrama - Teoria e Prática

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