top of page

Um Test Drive em sete consultórios virtuais revela: tem de tudo entre os psicólogos que atendem online, de gente séria a charlatões. Mas mesmo diante de um bom profissional, fica a dúvida: terapia online ajuda?
EXPLICA ESSA FREUD!
Revista da Web - Por Marjorie Umeda - Edição 5 - Fevereiro 2000 


Comprar, pagar contas, conhecer pessoas e trocar correspondência nós já conseguimos fazer direitinho pela Internet. Na verdade, não só conseguimos como agradecemos a Deus pela tecnologia a cada fila de banco que não precisamos enfrentar. Mas e esse negócio de psicólogo online? Como será conversar com o analista por e-mail? Será que funciona trocar as sessões no consultório pelo chat? O que Freud diria ao ver paciente e analista, cada um em uma América diferente, em frente do computador, resolvendo um caso de ciúme entre irmãos? Loucura?
Essa modalidade de terapia é tão nova no Brasil que nem sequer há estudos sérios sobre ela - e os analistas convencionais preferem não comentar seus efeitos. Para dar a você uma idéia do que rola nesses consultórios online, entrei em sete deles com pseudônimo de Maddalena. Encarnei alguns personagens para tentar entender como o tratamento funciona. Descobri que há consultas pagas e gratuitas, conversas por ICQ e por e-mail, sites eficientes - e outros que nem respondem. Às vezes, você se sente diante de um profissional; outras, um otário por estar pagando (caro) por conselhos que qualquer amigo daria de graça. Alguns analistas preferem não se envolver com problemas graves - o que é um sinal de bom senso, mas denota que esse tipo de terapia não tem muito alcance. em todos os casos, resta uma dúvida: quem é, afinal, a pessoa para quem você está revelando seus segredos?


A amiga apaixonada
 "Estou interessada num amigo que sempre se mostrou interessado e agora parece não saber o que quer. Sinto que ele está fugindo de mim. Com o meu antigo namorado era a mesma coisa. Ele também fugia de mim. Não sei o que fazer. Por que sempre comigo?"
Esses são os trechos do que escrevi a minha primeira terapeuta online, uma certa Dra Márcia Homem de Melo. Imaginei uma situação normal, que poderia estar acontecendo com qualquer pessoa - do colega que sempre ao meu lado á leitora que mora no Amazonas.
Procurei endereços de analistas que atendem online no Cadê. Resolvi começar por ela. Do primeiro contato até a consulta foi tudo muito rápido e tranquilo. Mandei um e-mail dizendo que estava interessada e ela retornou no mesmo dia com um questionário. Eram perguntas simples, como estado civil e quantidade de irmãos. Em seguida marcamos nossa sessão de 50 min que seria pelo chat do ICQ.
A primeira consulta foi gratuita (pelas demais, ela cobraria 30 reais cada). No inicio ela esclareceu que a terapia online era igual a terapia convencional. A única diferença é que não iriamos nos ver. Isso pode parecer estranho para os cânones de qualquer psicoterapia - mas para o pessoal cyber, acostumados a namorar sem nem sentir o cheiro da outra pessoa, não soa tão absurdo assim.
Quanto ao meu problema, a psicóloga constatou que eu precisava dar mais afeto do que receber - e chamou minha atenção para o fato de eu não ter me referido ao meu amigo como "amante" em nenhum momento a consulta. Perguntou se eu não estava fantasiando uma paixão. Nesse ponto eu confesso, ela acertou. Era mesmo tudo fantasia - o amigo, a paixão, o drama. Neste caso me senti diante de uma profissional.
Psy_Coterapeutas On Line 
www.homemdemello.com.br/psicologia/ (português)  !TOP SITE
Clique aqui para ler o atendimento realizado pela psicoterapeuta Márcia na Personagem da repórter Marjorie


Procurar um igreja? Como Assim?
Achei um site canadense de terapia e resolvi apresentar  um problemaço. O e-mail que mandei para a doutora Jan Caudiex, em Inglês, foi o seguinte:
"Sou apaixonada pelo meu cunhado - o marido da minha irmã. Sofro muito, principalmente nas reuniões familiares. Agora, depois do Natal e do Ano Novo, estou no auge do meu sofrimento. Sinto vontade de me matar. Penso até em virar lésbica para não sentir essa atração pela qual me culpo diariamente. Não tenho certeza, mas acho que ele sente o mesmo por mim. Não sei o que fazer. Vivo esse drama há mais de um ano."
Em menos de 24 horas, conforme prometido no site, estava lá a minha resposta. A analista dizia que era impossível tratar um impulso suicida a distância. Na verdade, ela se livrou rapidinho do pepino. A Dra Jan me aconselhou a relatar minha angustia para alguém de confiança ou procurar ajuda na minha igreja. Eu me senti abandonada, mas ela foi sensata. O episódio serviu para mostrar que esse tipo de terapia pode até ser legal, mas tem limites claros. A Dra Jan continuou dizendo que assim que a vontade fosse embora, eu poderia conversar com ela. Caso estivéssemos fazendo terapia, cada consulta custaria 20 dólares.
Couselling & Coaching Center
by-george.net/counselor/ (Inglês) !!!!


Síndrome do Pânico
Na home page da Dra Lucia Salgado, quase escondida, está a frase: "Já que você teve a curiosidade de visitar a minha página, que tal batermos um papo? Deixe uma mensagem em meu endereço eletrônico, terei o maior prazer em atendê-lo."
Bem não hesitei, mandei para ela um e-mail retratando um paciente com síndrome do pânico.  "Eu não tenho me sentido muito bem. Estou ansiosa. Sinto frio nas mãos e taquicardia. Não sei o que é isso. Às vezes, até saio de fininho pra ficar longe dos meus colegas. Não suporto o som de suas vozes. Tenho vontade de sair correndo de todo lugar em que estou. Quando acordo de manhã, não quero sair da cama. Me ajude."
No dia seguinte, recebi um e-mail da Dra Lucia dizendo que me ajudaria com o maior prazer. Ela marcou uma consulta no chat do ICQ para dali dois dias. Ela não falou de preço, só disse o que alguém naquele estado precisava ouvir. "Vou te ajudar". Durante a nossa sessão, ela fez algumas perguntas e me disse que podia ser síndrome do pânico. Falou que eu necessitaria de acompanhamento terapêutico e farmacológico e se prontificou a indicar um médico para o tratamento. Achei que ela foi profissional: como terapeuta, não pode receitar remédios. Mas de novo, percebi o quanto é limitado o caminho de uma terapia online. A consulta com a Dra Lucia, dura 1 hora e custa 20 reais.
Consultório de Psicologia 
users.linkexpress.com.br/luciasms/ (português) !!!


Primeiro o dinheiro, por favor.
O site da Dra Ala Voloshyn oferece duas opções de ajuda. Uma de conversa online (50 reais a sessão); outra em que o paciente manda uma (atenção, uma) pergunta escrita e ela responde em até 24 horas (15 reais). Há um pequeno detalhe, a pergunta só é respondida após o depósito do dinheiro em conta corrente. Isso mesmo: primeiro você paga, depois pergunta. Fiz a pergunta e o depósito no mesmo dia. Passaram-se dois dias e nada de resposta. Mandei um e-mail dizendo que havia feito o pagamento e que queria a minha resposta. Ela me respondeu perguntando em que conta havia depositado. Conclusão, só fui ter minha resposta três dias depois do prometido. Minha pergunta era sobre um caso de amor mal resolvido - um antigo namorado de quem eu ainda gostava. Ela me tranqüilizou e disse que eu devia tentar conversar com ele. Foi legal, mas é o tipo de alerta que qualquer amigo faria. Conclusão: só vale a pena pagar esse preço se você não tiver nenhum bom amigo.
Psicologia on line por Ala Voloshyn
www.ala.he.com.br (português) !!


Entregar 50 dólares de olhos fechados?
Quando entrei nesse site, minha história já estava pronta: diria que não agüento mais a insistência com que uma amiga tenta roubar meus namorados. Mas, para minha surpresa, descubro que a consulta só pode ser feita após o pagamento de 50 dólares. Bastante dinheiro para pagar de olhos fechados, não é? Tentei me colocar na situação real de alguém que estivesse sofrendo com esse problema. Já pensou se, além da amiga vampira, essa pessoa tivesse que agüentar a decepção por ter torrado 50 dólares em conselhos banais? Terapeuta virtual por terapeuta virtual, fico com os brasileiros. Entre outros motivos, o preço da consulta é em reais.
Psyonline
www.psyonline.com/ (francês e inglês) !!!!

 
Pagamento adiantado, resposta zero.
Diferente das terapias convencionais, em que o paciente tem seu horário marcado, nesse consultório virtual rola o samba do crioulo doido. O pagamento mensal de 80 reais permite que o paciente mande quantos e-mails quiser por dia. Funciona mais ou menos como nos rodízios de churrascaria. Pagando, você consulta e pentelha o analista o quanto quiser. Detalhe: o pagamento é adiantado. Não é esquisito? No supermercado, na farmácia, no dentista, e até nas livrarias virtuais, você paga por uma coisa que sabe qual é.  Já pensou dar 40 dólares adiantado numa livraria e ficar esperando ansiosamente o livro secreto em casa? Fiz o depósito e preenchi a ficha de questões. Passaram-se cinco dias e eu não recebi nenhuma resposta. Até hoje não vi a cor do dinheiro de volta.
Consultório virtual via Internet 24 horas
www.aedha.net/terapiapsicanálise.html (português) !!


Dá pra enrolar o terapeuta?
Bem, aqui o paciente se distrai logo na entrada. A primeira página é uma sala de analista que se parece com a de Freud. Abusando dos termos técnicos apreendidos durante essas navegações, eu diria que é uma sala de Freud que a gente carrega no inconsciente coletivo. Tem até a foto da Dra Leila Tancredo de Assis, a psicóloga. É uma senhora bonita, chique e que logo inspira confiança. Mas fiquei com aquela dúvida que as fotos na Internet dão, será que a doutora Leila é essa mesma? Por um instante, imaginei um homem velho, barrigudo, sujo e mal-encarado. Desculpe Dra Leila, mas é que eu preciso contar aqui tudo que se passou pela minha cabeça. Antes de começar as consultas, o paciente manda um e-mail e marca dia e horário para uma primeira sessão gratuita na sala do chat. Tentei enganar a Dra Leila: mandei um e-mail dizendo que já havia feito um depósito de 80 reais (que me dariam direito a uma sessão). Passamos tanto tempo discutindo a respeito do depósito que não marcamos nenhuma sessão. Foi só um teste para ver se é possível burlar o esquema de pagamento e consultas. Não é.
Psicóloga online
www.psicologa-on-line.com.br/ (português) !!!!


! Todos os sites indicados na Revista da Web! recebem notas, que vão de uma a cinco exclamações, com base no conteúdo, no design e na navegabilidade. Aqueles que recebem a nota máxima trazem a indicação de !TOP SITE

bottom of page