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"Paixão Obsessiva - Elas vieram para acabar com seu relacionamento: são as mulheres-Sandra"
Por: Lívia Diniz - Site Bolsa de Mulher

Quem não morre de raiva quando vê Sandra, personagem de Danielle Winits na novela "Páginas da Vida", dando em cima de Greg (José Mayer) e Jorge (Thiago Lacerda)? Aposto que você fala para si própria que, se acontecesse com você, daria uma boa surra na incauta (ou não tão incauta assim) que está dando em cima do seu namorado. Ela simplesmente não quer saber se eles são comprometidos ou se estão acompanhados. Se está a fim, parte com tudo sem dó nem piedade. Azar de quem não gosta. Respeito, pudor, consideração são palavras que não fazem parte do vocabulário delas, mas apelidos, digamos, "carinhosos" começam a fazer parte do seu dicionário quando você se refere a ela.
No melhor estilo "qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência", muita mulher já teve o seu amado como alvo de cantadas de outras mulheres, mesmo elas sabendo que o cara é comprometido. Para acabar com este imbróglio, até centro espírita a publicitária Nina Barros*, 41 anos, procurou. Também, pudera, ela ficou quase dois anos com uma bomba prestes a explodir em casa. "Era uma energia horrível que estava envolvida. Foi um desgaste muito grande", afirma. A história foi complicada. Logo depois de deixar o escritório em que trabalhava com o marido Carlos, ela percebeu que uma novata estava começando a ter uma incômoda aproximação com ele - pedia carona, procurava estar nos mesmos lugares, arrumava motivo para encontrá-lo.
Ela teve a cara-de-pau de pedir desculpas e falou que realmente dava em cima dele, pode?
Nina ficou em estado de alerta, aproveitando a ajuda das amigas-olheiras que manteve no antigo emprego. Porém, não era só no escritório que a moçoila dava em cima de Carlos - em eventos profissionais ela continuava a atacar, mesmo com Nina por perto. "Não sei se é porque meu marido é bonitão, boa-praça ou se porque ele virou diretor da empresa que a menina ficava se esfregando o dia inteiro nele. Essas garotas novinhas estão cada vez mais assanhadas, querendo subir na vida", reclama a publicitária.
Entre eventos da área e outras tantas festinhas a situação foi se agravando até que Nina não suportou mais e colocou o marido contra a parede - ou ele acabava com a história ou a relação dos dois chegaria ao fim. Carlos cedeu e impôs limites, mas até aí o estrago já estava feito. "Se eu não tivesse sido chata, vigilante eles naturalmente iam se envolver. Acho que ele teve muita culpa nessa história, foi muita falta de respeito. Perdi toda confiança nele por conta de mentirinhas bobas que ele me falava para poupar discussões. Não é questão de ciúmes, insegurança, mas tenho horror à sensação de ser passada para trás", diz Nina.
Mas, segundo ela, mesmo com todos os problemas, o saldo foi positivo. Depois de seis anos de relacionamento, o fato ajudou a aparar as arestas e reacender o casamento que, como a publicitária mesmo afirma, foi deixado um pouco de lado com o tempo e o nascimento do filho. Ela jura que não tem medo de ser traída. "Exijo apenas respeito. Eu já relaxei, mas não estou dormindo", alerta, entre risos.
Inimiga de infância
Imagine ter que suportar a melhor amiga dando em cima do namorado? Foi o que aconteceu com a jornalista Tatiana Gomes*. Depois de um breve rompimento de seis meses numa relação que já durava quase quatro anos, ela viu o namorado Henrique* com uma estranha amizade com a então amiga Maria*. Como eram do mesmo grupo, Tatiana levou a relação dos dois na esportiva. Porém, com o tempo os amigos começaram a inventar desculpas para passarem cada vez mais tempo juntos. Os outros colegas começaram a notar a situação e questionaram Tatiana sobre o fato. "O Henrique dizia que eu estava louca, que aquilo era invenção, coisa da minha cabeça. Aquele papinho de homem, né? Mas isso motivou muitas brigas", relata.
Tatiana admite que ficou muito insegura com a situação por Maria ser bonita e pelas duas terem uma rivalidade antiga. Além disso, a amiga e o namorado já tinham tido um breve affair anteriormente. Ela se afastou de Maria, mas permaneceu com Henrique. Meses depois, quando o namoro já tinha acabado a amiga a procurou. "Ela teve a cara-de-pau de pedir desculpas e falou que realmente dava em cima dele, pode? Fiquei aliviada por não parecer a namorada-neurótica", diz.
Segundo Tatiana, atualmente ela abriria o jogo com a amiga antes que a situação chegasse aonde chegou. "Se a pessoa é sua conhecida você tem que falar e perguntar o que está acontecendo. Atração não tem remédio, mas quando a pessoa se apaixona é um investimento que ela fez e isso para mim é coisa de mau-caráter", diz, taxativa. 

Paixão obsessiva > Cópia malfeita
Se não bastasse dar em cima do o namorado, Júlia Torres* ainda teve que aturar uma antiga amiga imitando tudo dela: roupa, esmalte, cabeleireiro e profissão, inclusive. "Sabe quando você vai reparando que a pessoa está te copiando? Se eu gostava de uma coisa, no dia seguinte, ela gostava também. Aí me afastei, porém ela ficou chateada comigo! Começou a me chamar de mal amiga, falava mal de mim pelas costas. Mas três semanas antes eu era a deusa dela total, que ela copiava, imitava. Mal sabia eu que estava só começando a minha sina com essa garota", relembra Júlia.
E é verdade - uma sina que durou quase dois anos. A tal "amiga" começou a sair com todos os homens que a psicóloga saía e, pior, falava mal de Júlia para todos eles. Até que Júlia começou a namorar Paulo*. A "Sandra" não se fez de rogada e partiu para cima do rapaz. Como ele não quis nada com ela pois sabia da história e da reputação da moça, ela espalhou um boato por toda a faculdade dizendo que a performance sexual dele era bem abaixo do desejado. "Ficamos doidos os dois e ele achou que tinha que tomar uma atitude em relação a ela. Perguntou, foi tomar satisfações e ela disse que era tudo mentira, que não tinha dito nada daquilo e ainda que não tinha a menor vontade de transar com ele, principalmente depois de ouvir a história, o tal boato. Perversa!", revolta-se ela.
Esse tipo de atitude não é por sentimento, mas sim por vaidade. Quando conquista, perde o interesse

Muito além de paixão
Numa cena da novela, a personagem Sandra se tranca no banheiro com Simone (Christine Fernandes) e avisa à rival que não vai desistir fácil do amor do Jorge (Thiago Lacerda). Sem perder a classe, Simone dispara: "antes eu sentia raiva de você, depois medo, mas agora, eu só sinto... pena". O tapa de luvas foi dado, mas a frase representa muito bem os problemas que uma fixação assim pode trazer - uma inofensiva paixão inicial pode ficar mais forte e até virar doença se não for bem dosada.
A psicóloga e psicodramatista Márcia Homem de Mello alerta que muitas pessoas consideram apenas uma louca paixão algo que pode se tornar uma fixação, uma espécie de competição com ela mesma. "Esse tipo de atitude não é por sentimento, mas sim por vaidade. Quando conquista, perde o interesse. Sai do saudável e passa a ser doentio, uma obsessão", explica.
E pode ser perigoso também. De acordo com ela, o descontrole pode ficar tão grande que, em alguns casos, a pessoa parte para atos de violência que pode chegar até à morte. "Sabe aquela história do ‘se não vai ser meu, não vai ser de mais ninguém'? Começa em situações assim", exemplifica. Mas não é só entre o sexo feminino que podemos encontrar exemplares do tipo. Se a imagem da mulher como a amante descontrolada já está no imaginário das pessoas, é comum encontrar paixões obsessivas em homens também, principalmente entre os 18 e 30 anos, segundo Márcia. Infelizmente, neste grupo é mais comum no desfecho da história encontrar algum óbito.
Para evitar situações extremas, a psicóloga recomenda cortar o mal pela raiz. Se observar que a pessoa está começando a se tornar invasiva, desrespeitando a vida e privacidade do outro, é preciso ter uma conversa séria e falar abertamente sobre a situação. "Não é simples porque muitas vezes a pessoa que faz isso não se dá conta da dimensão do problema. Demora a cair a ficha de que é preciso fazer um tratamento", afirma.
Experiência no assunto
Quem já é Ph.D em "Sandras" dá a dica: é preciso cobrar um posicionamento do companheiro para resolver a situação. "Você tem duas escolhas: o toma uma atitude ou continua sendo desrespeitada", diz a publicitária Nina Barros. Tatiana concorda. Segundo ela, situações do tipo servem para você trabalhar a sua própria confiança no relacionamento. "Quando você pedir uma iniciativa do seu namorado vai sentir realmente como ele se sente em relação a vocês dois. Mas tem que ser firme", ensina.
A psicóloga Márcia Homem de Mello também recomenda uma atitude mais incisiva. Segundo ela, não se deve alimentar este tipo de comportamento por mais que isso dê uma "apimentada" na relação. "Pessoas com este distúrbio não percebem limites porque colocam toda sua energia nesta área da vida", explica.
Bem, se na vida real já existe solução para as possíveis "Sandras", na ficção, a gente deixa por conta do Manoel Carlos. A seguir... nas cenas dos próximos capítulos.
Os nomes foram alterados a pedido das entrevistadas.

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